domingo, 18 de novembro de 2012

A nova Olympia


A exposição Transperformance 2: Inventários dos Gestos, atualmente no Oi Futuro do Flamengo, reúne 25 artistas em obras que trabalham com projeções e que nos fazem pensar sobre o gesto e como ele se localiza na arte.

Uma das obras que mais chamam a atenção é Olympia, do artista brasileiro Chico Fernandes. Através de um sistema com câmeras de segurança e múltiplas projeções, cria-se uma situação híbrida: Uma imagem pré gravada, de uma mulher que dança de forma sensual em um abiente fantasmagórico e lúdico e uma imagem ao vivo, do espectador que está sentado na cadeira.

Percebe-se uma intertextualidade com a obra Olympia, de Manet, de 1863, que naquela época foi condenada como “imoral” e “vulgar”. No século XIX, os nus só eram aceitáveis desde que retratassem ninfas clássicas e figuras divinas, enquanto Manet pintou Victorine Meurente, em um ambiente contemporâneo. No quadro, a modelo aparece adornada com uma orquídea rosada no cabelo, jóias e acessórios que chamam atenção para sua artificial nudez e condição de cortesã. Outra característica que causou choque para os críticos da época foi o olhar da mulher, que confronta quem a olha de fora da tela.

A Olympia de Chico Fernandes também se encontra nessa mesma posição, olhando para o visitante e sendo olhada com a mesma intensidade. Nessa releitura da obra de Manet, pode-se perceber não só uma interação entre a mídia e a arte, mas também a interação entre a arte e as pessoas que a observam, levando a arte contemporânea para a vida dos espectadores.

Outra leitura possível da Olympia de 2010 é que ela seria a morte (uma vez que está toda de preto), que nos observa a todo instante e não é possível de se ver. Quando o visitante da exposição se aproxima de onde estaria a modelo, ele desaparece, ou seja, ir de encontro com a Morte e deixando de existir. Grupo: Thayanne Porto, Ruggeron Reis, Angélica Moreira, Everton Maia e Priscila Minussi.

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