segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Transperformance de Manet a Courbet


Chico Fernandes, nascido no Rio de Janeiro, desenvolve projetos multimídia usando principalmente performance, fotografia e vídeo. Seus trabalhos costumam ter uma atmosfera lúdica ao criar espaços inusitados com o tratamento da fotografia, como em transmissões de vídeo ao vivo. A exposição “Transperformance 2 – Inventário dos Gestos”, que ocorre no Oi Futuro Flamengo, abriga um de seus trabalhos, o qual faz referência ao quadro "Olympia", pintura realista de Édouard Manet. A instalação Olympia, como outros trabalhos de Chico, é quase uma armadilha. No momento em que o espectador se aproxima, passa a participar da obra, sendo transportado para dentro do trabalho. Ao invés de um simples apreciador de arte, torna-se um vouyer de si mesmo, assistindo a um espetáculo de dança sensual dentro da televisão. O espectador não tem escolha. No momento em que se reconhece, a obra o compromete. Para apreciar a arte é necessário fazer parte dela.

A surpresa e admiração que o espectador sente ao se deparar com sua própria imagem fazendo parte do que comumente não o envolve pode ser comparada a mesma sensação de controvérsia que a obra de Manet causou na França napoleônica. A representação explícita de Manet do descanso de uma cortesã foi muito diferente de outras imagens que o artista fez para representar o ambiente social. O escândalo foi devido à representação de uma mulher sem roupa fora do conceito de nu clássico, aquele em que ninfas clássicas e figuras divinas eram retratadas. A ausência de inocência está estampada em detalhes como o acessório no pescoço da mulher e seu chinelo solto. A compreensão do que Manet propôs na pintura impactou os espectadores e provocou toda a controvérsia.







Por meio do também artista visual Fernando Baena, outro personagem da arte realista tem uma de suas obras representada na exposição. "O Sono", de Gustave Courbet, considerado o criador do realismo social na pintura, também chocou as pessoas de sua época devido à fuga dos padrões artísticos. O quadro apresenta temática erótica, com duas mulheres entrelaçadas num abraço amoroso. Como não foi feito para exibição, o artista teve mais liberdade na execução de sua tarefa. Baena intensifica o erotismo da pintura ao vivificá-la em forma de vídeo. As mulheres que antes adormecidas, agora trocam carinhos e afetos ainda entrelaçadas. Constantemente mudam de posição como em um ato sexual e demonstram prazer em suas feições. A composição da obra inclui um buquê de flores que, embora situado como elemento decorativo no canto da tela, também simboliza a sexualidade feminina. As flores estão contidas no vaso em um formato que lembra um útero, em contraste com o suposto abandono da mulher nua adormecida.



Grupo: Bianca, Isabela, Isadora, Thais e Viviane

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