segunda-feira, 19 de novembro de 2012
Acaso ou Planejamento Extremo?
Fortuna é o título da exposição de William Kentridge, sendo essa noção o princípio norteador de sua obra, já que traz o sentido de destino, porém coexistente com pré-determinação.
Esse acaso inicia-se em seu estúdio, que mais do que um local de criação, muitas vezes se torna o sujeito de sua obra, além de objetos do cotidiano como um pote de café ou mesmo uma tesoura. O artista também utiliza situações de lugares atuais e eventos, sendo o mais forte desses elementos a memória social da África do Sul e seu histórico de Apartheid, o que se torna compreensível pelo fato de Kentridge ser sul-africano, mais especificamente da cidade de Johannesburgo.
Lilian Tone, curadora da exposição relata em vídeo especial sobre o evento que ao conversar com o artista, ele disse que “gostaria de fazer algo diferente de todas as outras exposições que já fez, que costumam ser muito controladas e comedidas. Queria ter algo que demonstrasse o excesso do estúdio, o fato de que há sempre muitas coisas acontecendo, uma abundância... Algo que pode tornar-se um desenho, que pode tornar-se um rinoceronte de papelão, que pode tornar-se uma fotografia estereoscópica, que se torna uma marionete em uma produção teatral. Um ambiente que mostraria a abertura dessas coisas, alterando-se”. Assim surgiram as duas “Salas de Excesso” na exposição.
A exposição conta com 38 desenhos, 27 filmes e animações, 184 gravuras e 10 esculturas produzidas entre 1989 e 2012, além de obras inéditas feitas especialmente para essa mostra. A série Drawings for Projection (Desenhos para Projeção), obra que o tornou conhecido internacionalmente, composta por dez curtas-metragens está sendo exibida em conjunto pela primeira vez, além dos 23 desenhos que o artista fez para criar os filmes. Essa animação é feita por meio de uma técnica concebida por Kentridge, onde ele filma quadro por quadro as alterações que faz sobre um único desenho, realizado em carvão ou pastel, o que denomina como “cinema da idade da pedra”. O resultado são formas que se transformam quando as imagens são sobrepostas em sequência, sendo um exemplo disso, a transformação de um gato em máscara de gás, megafone e bomba.
Fortuna mostra a interdisciplinaridade de suas obras, de suas ideias, de seus conceitos, do que faz parte de sua vida, já que William é formado em Ciências Políticas, apesar de trabalhar com Artes e prova de seu sucesso são os diversos prêmios recebidos ao longo de sua carreira, incluindo o Kyoto Prize em reconhecimento a sua contribuição no campo das Artes Visuais e da Filosofia. A obra de William Kentridge pode ser vista no IMS (Instituto Moreira Salles), no Rio de Janeiro desde o dia 24 de outubro de 2012 até o dia 17 de fevereiro de 2013, sendo essa a maior exposição monográfica sobre Kentridge na América do Sul.
O Instituto Moreira Salles preparou um vídeo revelando os bastidores da montagem da exposição William Kentridge. O vídeo abaixo oferece uma entrevista inédita com Kentridge e um pequeno tour pelas obras que se encontram expostas no IMS, além de uma conversa com Lilian Tone, a curadora da exposição:
http://www.youtube.com/watch?v=LdpsxH68oK0
Por Clarissa Paiva, Letícia Vallecilo, Lívia Maggessi, Marina Vilhena e Priscila Verônica. Turma EC2 - Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
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