Paulistano
radicado no Rio de Janeiro, o artista plástico Luiz Zerbini não é um autor
estático. Muito pelo contrário. Sua obra já passou por diversos estágios, em
que buscava transcender e transgredir o seu próprio fazer artístico. Iniciando
a carreira como um pintor do figurativo, embrenhou-se, também, por outros
caminhos, realizando trabalhos que envolvem escultura, ilustração, vídeo e
música, e tornando-se, com o tempo, mais abstrato e subjetivo.
Fora do
comum, tende a ser. Em Pinturas dentro d’água fez uso de uma
técnica chinesa em que o papel é tingido debaixo d’água. Ao escrever Rasura –
livro que fala sobre suas pinturas -, o artista optou por seguir uma forma
literária não convencional, utilizando comentários visuais e adicionando
fotografias de suas referências. Em 2009, lançou Alice no País das
Maravilhas: uma série deilustrações (re)criando os cenários da história de
forma tridimensional por meio de recortes em cartas de baralho.
A mostra Amor,
em exposição no Museu de Arte Moderna de 17 de outubro a 9 de dezembro, é a
maior de sua carreira. Logo de início,pinturas em painés super coloridos exibem
a dicotomia entre a civilização e o selvagem, o abstracionismo geométrico, uma
confusão de elementos e significados que quase nos engolem. Mistura de padrões,
linhas que parecem romper o fluxo imagético, referências à música. O nível de
detalhes é tão grande quanto a imensidão dos painéis, levando o espectador a
conferir diversos olhares à obra afim de percebê-la em sua totalidade.A
montagem de figuras algumas vezes remetem a uma gambiarra de elementos e
correntes artísticas. Zerbini caminha de figuras essencialmente naturais,
misturando com elementos da cidade, criando um imaginário de poluição.
Do lado
oposto, uma série de colagens construídas por frames de filmes
fotográficos é disposta nos remetendo ao ato de colecionar. As formas
geométricas formadas pela disposição dos vários pequenos quadrados é
equivalente à geometria da parede oposta, sobre as obras figurativas, onde
quadros essencialmente geométricos e abstratos foram dispostos. Na série de frames há
uma colagem. No lado oposto a geometria é simulada pela pintura.
Uma bancada se apresenta entre as duas áreas. Semelhante aos gabinetes
de curiosidade que os viajantes europeus montavam para exibir as maravilhas
encontradas ao redor do mundo, na exposição abriga os objetos que fazem parte
do mundo artístico de Zerbini. Podemos analisar de perto a concretude do seu
repertório, estabelecendo uma relação entre a representação e o representado, a
imaginação e a realidade, a parte do todo e o todo da parte.
Grupo: Bianca, Isabela, Isadora, Thais e Viviane


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