quarta-feira, 28 de novembro de 2012

William Kentridge: Fortuna



William Kentridge é um renomado artista sul-africano e está expondo pela primeira vez na América do Sul. A mostra “Fortuna”, atualmente no Instituto Moreira Salles do Rio de Janeiro, reúne um acervo recente (produzido durante a última década) e dá destaque para o processo de criação do autor e as técnicas por ele empregadas.


Seu trabalho é composto principalmente por desenhos a carvão, com os quais Kentridge explora os conceitos de transformação e movimento através de curtas de animação e instalações. As animações do artista apresentam traço e transição despreocupados, mas ainda assim, são de forte expressividade, mas também trazem o espectador para além da temática, se utilizando de recursos como o uso de sombras ao fundo e na frente das projeções (Kentridge põe a silhueta real de um gato a passear por entre os frames), fazendo referência ao antigo teatro de sombras.
 As instalações, por sua vez, são voltadas para o cinema em sua estrutura, incluindo os princípios do cinema de três dimensões, do uso de espelhos na reprodução da imagem, da cronofotografia e afins.


Embora seja contemporâneo, suas obras transportam o espectador para o ambiente sombrio da Primeira Revolução Industrial, abordando a miséria, exploração, desigualdade social e segregação racial de seu país de origem. Há muita referência a maquinarias e ao cinema antigo, além da presença forte da sexualidade, que evidencia a ausência de autocensura do artista em seu trabalho. As imagens são predominantemente em preto-e-branco – apenas detalhes em azul e vermelho, empregados justificadamente para diferenciar e possivelmente destacar conceitos como água, sangue, sons, etc.
O viés político, no entanto, pode ser dito parcialmente abafado devido ao recorte da mostra, que dá enfoque maior à construção estética do artista e suas referências e paixões do que à denúncia de seus trabalhos.


Por Fábio Marinho, Gabriela Rozenbaum, Juliana Espinosa, Luana Kozlowzki e Vitória Moraes


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