Cinema,
literatura, música e esportes. Esses interesses na adolescência são resultado
da realidade criativa e sensorial em que o menino Raul Mourão fora criado. Com a família, visitava museus e diversos
centros culturais. Assistia ao pai desenhar e pintar como hobbie. Mas mais do
que isso, a multiplicidade de artes a sua volta influenciou-o diretamente como
transgressor do comum.
Nascido no Rio de Janeiro, em 1967,
Raul Mourão chegou a cursar Comunicação, Fotografia, Cinema – e Pintura na
Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Transfere-se, posteriormente, ao curso
de Arquitetura e Urbanismo. Ele integra o grupo da Geração 80, conhecendo
aquele com quem atualmente divide espaço no Museu de Arte Moderna (MAM), o
paulista Luiz Zerbini.
De 1989 em
diante, o casamento dos mundos artístico e urbano encaixa-se com perfeição na
carreira de Mourão. A paisagem da cidade o atrai, o que o faz registrar fotograficamente
grades de proteção e isolamento. A partir daí, deu início às primeiras
experiências tridimensionais.
Pela primeira vez no MAM Rio, sob o
título de Tração Animal, o acervo do artista mixa trabalhos
recentes e inéditos, como a “Sala Sombra”, de 2012. Estruturas fixas ligadas a
outras móveis, em um balanço harmônico que proporciona um hipnotizante jogo de
luz e sombra. São obras pequenas de aço em contraste com as de dimensões
grandes. Estas são cerca de dez estruturas cinéticas em ritmo, fazendo alusão
ao fluxo da vida e de sua energia. Saímos e voltamos do “físico ao virtual, do
corpo à luz, da luz à sombra”, como disse Luiz Osório, curador das instalações.
Em
complemento, o vídeo “Plano/Acaso”, de 2009, exibe uma sequência de andares a
partir do ângulo de um elevador. A repetição, o ciclo, a constância como a vida
em si, o fluxo que nunca para, o elevador em eterno movimento, não importa
quantos andares – obstáculos ou qualquer outra metáfora –, sempre estamos em
movimento. Somos fixos, restringidos pela gravidade ao chão, mas estamos em
movimento, evoluindo. Diante de nós, Raul Mourão apresenta a dualidade e
complexidade da inércia: ela enquanto repouso ou enquanto movimento constante.
GRUPO –
Clarice Ferro, Débora Polistchuck, Natascha Oliveira, Gabriela Oliveira, Bruna
Câmara
EC2
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