Artista plástico ex-estudante da Escola de Artes Visuais do
Parque Lage, Raul Mourão reúne em sua exposição “Tração Animal” obras
recentes e inéditas. Combinando sua tradicional característica de deslocar
objetos do ambiente urbano e da arquitetura de seu contexto para dar-lhes um
sentido artístico e a recente produção de esculturas cinéticas criadas pelo
ex-estudante de arquitetura, Mourão apresenta um intrigante trabalho que aposta
em muito na relação individual do espectador com a obra.
Esta obra depende do próprio espectador para ganhar vida.
Ele pode tocá-la e colocá-la em movimento. Esse movimento é tão intrínseco à obra e sua arte que se faz o próprio título da exposição, “Tração Animal”,
animal este que, no caso, é o próprio homem que, na condição de espectador, é o
motor que coloca a obra para funcionar e dá a razão de ser ela. Assim, o
artista reforça ainda mais os laços com o espectador, que assume papel chave
para a obra na relação que se estabelece então entre homem e máquina.
A exposição é apresentada em três salas distintas no MAM
(Museu de Arte Moderna) do Rio de Janeiro, cada qual com sua proposta. Na
primeira, “É proibido trepar”, são colocadas esculturas cinéticas (esculturas
que buscam criar efeitos visuais a partir do movimento real, ilusório ou por
truques de posicionamento) de grande porte. Na segunda sala, chamada de “Sala
sombra”, estão esculturas cinéticas de menor porte produzidas especialmente
para esta exposição. Nesta sala, que tem um clima mais intimista, Raul busca
trabalhar a questão da sombra, refletindo na parede as sombras das esculturas
através de mini refletores, dando em alguns momentos uma impressão quase como
se aquelas sombras estivessem dançando entre si, alem de ser uma arte pela qual depende de algo externo, que sem isso, ela fara menos sentido que a ideia original.
É uma instalação riquíssima de um consagrado artista
contemporâneo que nos leva a pensar, refletir e contemplar não só o que ele
coloca diante de nós, mas a forma como o faz. A maneira como o autor desloca os
objetos de seu “habitat natural“ para conferir a ela um sentido artístico chega
até a lembrar o modo de trabalhar de outros artistas antecessores de Mourão,
como Cildo Meireles. Há de se pensar o modo como se dá a relação
obra/espectador, na medida como esta instalação coloca o espectador como centro
das ações da obra, e até mesmo questão do “o que é arte?“ e “o que dá sentido à mesma?“. Os objetos trabalhados por Mourão são objetos comuns da vida urbana.
Se víssemos tais objetos avulsos pela cidade, passam até despercebidos, do modo
como nos são apresentados e montados na instalação, se fazem arte. A obra
“Tração Animal“ é, por fim, uma grande demonstração do poder e da importância
do fazer artístico sobre o nosso dia-a-dia na construção de novos sentidos para
velhas imagens.
Grupo: Fabian Falconi,
, Gabriela Isaías, Mariana Parga, Thiago Patrick e Hannah Granado.


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