quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Transperformance


O Rio de Janeiro receberá até dezembro, no espaço Oi Futuro Flamengo, uma exposição que propõe experiências com os "gestos" em diversas representações. A mostra é a segunda edição do Trasperformance, que, em dezembro 2011, com curadoria de Lilian Amaral, ocupou o Oi Futuro em Ipanema e as ruas do bairro com dezenas de apresentações durante quatro dias. Desta vez, além de ser ampliado para três meses, o Transperformance 2 se desdobrará em dois segmentos: o primeiro, com a ocupação de todo o centro cultural do Flamengo, envolvendo obras diversas, incluindo vídeos e instalações sonoras e, o segundo, envolvendo performances, ações e instalações sonoras que acontecerão tanto no centro cultural quanto nas ruas.

"Transperformance 2 – Inventário dos Gestos" é composta por mais de 40 obras, provenientes de artistas brasileiros e estrangeiros.São artistas visuais, músicos, poetas, atores, dançarinos que em seus trabalhos os gestos revelam certa forma de estar no mundo, mas também de tensioná-lo e abri-lo a outros modos de existência. Obras que interrogam a vida como potência que excede as formas, as significações e os atos, ao mesmo tempo que friccionam os poderes que a moldam. Obras que investem na intensidade tanto dos grandes quanto dos pequenos gestos, na força dos gestos sem finalidade e improdutivos. Mas, sobretudo, gestos que perturbam e repensam, de modo totalmente novo, as relações entre fins e meios, possível e impossível, potência e ato, atividade e passividade, doação e recepção, uso e troca, finalidade e gasto infinito.Para acomodar todas as estruturas e videoinstalações, foram liberados os três andares expositivos do prédio.O evento também vai promover debates com uma programação que reunirá artistas visuais, poetas e psicanalistas. O projeto prevê, ainda, a publicação de um livro com imagens dos trabalhos apresentados, ensaio da curadora e textos resultantes dos debates.


Na primeira parte do acervo, temos ambientes compostos por projeções de vídeo. Nela, são destacadas duas obras: Olímpia (Chico Fernandes) e Os sonhos de Corbet (Fernando Baena). Ambas lidam com a questão da pintura, pois retomam e usam como inspiração as obras de Manet e Corbet, mediante a ideia de apropriação e coletividade, que tem uma grande presença na arte contemporânea. A primeira pode ser caracterizada por sua peculiaridade, uma vez que o expectador interage com a obra. O visitante senta-se em frente a uma televisão, na qual vê a imagem de uma mulher "dançando". A obra é constituída por uma imagem pré-filmada e uma ao vivo, fato que cria essa sensação de interação. O quadro de Manet, no qual a obra é baseada, foi responsável por um escândalo em sua época. O fato de contar com a nudez em si não foi o motivo de tanta repercussão, mas sim a mulher que trazia essa nudez, pois esta não era ideal – como santas que já haviam sido retratadas –, era real e uma prostituta, portanto considerada indigna de ser representada de tal forma.  

  
Já a segunda obra, também ligada à questão da cultura, tenta criar uma composição pictórica que se aproxima da pintura original de Corbet. No entanto, faz uma intervenção em vídeo, utilizando-se de movimentos, imagens que se aproximam à estética de um filme. A curadora da mostra, crítica e pesquisadora Marisa Flórido, foi a responsável por esta ligação entre a arte clássica e a contemporânea. Relaciona, em uma mesma exposição, os quadros originais de Corbet e Manet aos artistas de vídeo que hoje incorporam e transformam. Provavelmente, essa foi sua intenção, ao dispor, lado a lado, as obras "Olympia" e "Os sonhos de Corbet".


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