quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Olympia (Oi Futuro)

Olympia, suas filhas e os diversos pais

          Em sua vídeo-instalação, Chico Fernandes nos chega com uma “armadilha” - o que é de praxe em suas obras. Quando o visitante entra na sala para ver a obra, automaticamente se torna parte dela. O espectador não tem escolha: caso ele queira ver Olympia, tem que ser parte dela. 
          Ao entrar na instalação, vê-se uma poltrona e em sua frente um aparelho televisivo. Na TV é possível que o espectador veja-se, como se estivesse sendo filmado. Porém, com uma grande diferença: onde estaria a televisão, está uma mulher dançando de forma suave e, ao tentar aproximar-se dessa moça para ver o que acontece, o visitante desaparece lentamente do vídeo. E é na diferença que o espectador vê no quarto e na TV que se baseia a obra. Porém, algo ainda fica no ar: por que a obra se chama Olympia? Para responder a essa pergunta precisamos contar a história das obras que antecedem a instalação de Chico Fernandes.
          Olympia tinha mãe, tinha avó. Teve primas e uma família completa que a precedeu. Sua avó, Vênus Adormecida (de Giorgione), se encontrava dormindo no campo, com os olhos fechados. Nua, porém cândida, era a verdadeira representação da deusa mitológica Vênus. 
          Sua mãe, Vênus (de Urbino de Titian) é o elo entre ela e sua avó - como todas as mães - e, assim como sua avó, está nua na mesma posição. Mas, diferentemente dela, encontra-se em um espaço fechado (em um quarto) e não dorme. Pelo contrário, tem seus olhos abertos e olha diretamente para o espectador. Esses traços também são compartilhados por sua filha, Olympia.
          Mas, afinal: se Olympia compartilha tantos traços com sua mãe, por que causou tamanha polêmica em sua época?
          Simples, Olympia não é Vênus, Olympia é Olympia.
          Mas, quem é Olympia? 
          Pela pintura, deduz-se que Olympia era uma cortesã francesa: a flor em seu cabelo, o bracelete em seu braço direito, o laço em seu pescoço e outros ítens nos mostram isso.
          E, assim como suas antecessoras, Olympia teve filhas. Dentre elas, uma está representada em Espírito dos Mortos Vigiando (de Gauguin). Essa tela mostra uma taitiana nua, deitada de bruços e completamente paralisada de medo dos espíritos que vê (representados pela anciã de preto ao fundo). Seu nome em taitiano, Manao tupapau, pode tanto dizer que a mulher imagina o espírito quanto que o espírito imagina a mulher.
          E é dessa tela que a Olympia de Chico Fernandes descende diretamente. Ao expor um vídeo em que a mulher observa o espectador (e o espectador consegue vê-la observando-o) e o visitante lentamente desapareçe ao tentar se aproximar dela, Chico Fernandes nos trás a ambigüidade da frase taitiana: somos nós que observamos a mulher, ou ela que nos observa?


Grupo:
Fabian Falconi, Gabriela Isaias, Hannah Granado, Mariana Parga e Thiago Patrick
(Exposição no Oi Futuro)

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