terça-feira, 6 de novembro de 2012

De Tela Em Tela, A Imortalidade de Olympia


Em 1865, Edouard Manet causa grande polêmica no mundo da arte ao expor seu quadro “Olympia”. Nele, é retratada uma mulher nua. Isto não era incomum em sua época, mas o diferencial da obra foi que ele utilizou uma modelo viva e que, complicando ainda mais a situação, era prostituta. O quadro foi recebido muito mal quando exposto - com vaias, riscos e críticas -, entretanto, toda a sua repercussão fez com que mais de um século depois ele fosse retratado por um artista contemporâneo.
A obra do artista carioca Chico Fernandes retrata de forma pouco comum a Olympia que foi imortalizada por Manet. A representação, mostrada na exposição “Transperformance 2 – Inventário dos Gestos”, no Oi Futuro, ficou exposta em um pequeno ambiente, onde havia uma cadeira posicionada ao centro e uma televisão com a Olympia dançando de forma bem sensual para o espectador. Esse conjunto criou uma situação inusitada, já que quando o visitante ficava em pé próximo à obra, se sentava na cadeira ou até mesmo andava na direção da personagem-fantasma ele aparecia na televisão.
A peculiaridade desta obra é o fato de a mulher que é vista na televisão não estar presente na sala. Por ser um tipo de exposição ao qual, normalmente, não se está acostumado, a primeira sensação é a surpresa e o medo ao entrar na sala e, de repente, se ver no vídeo e ao lado de uma Olympia que fica se mexendo, ao som instrumental do piano as músicas “Mad World” e “Tears for Fears”. Ao se aproximar da obra e em direção à Olympia, a pessoa começa a sumir da tela, como se estivesse indo para o mesmo plano em que a personagem figura, o que dá um tom de suspense a mais para o projeto. Este jogo de sobreposição de imagens cria um efeito que mistura o engraçado com o sombrio e impacta imediatamente qualquer um que o observe.
Com apenas alguns minutos de exposição – e o suficiente para assustar-se–, Chico Fernandes mostra os seus claros objetivos para com a obra. A partir do momento em que o espectador admira a mesma, ele automaticamente passa a fazer parte dela, já que está ali, aparecendo na exposição e, como se não bastasse, bem próximo à fantasma Olympia. Ele passa a não ser mais, somente, um admirador, mas sim passa a ter uma relação direta com a obra, participando ativamente dela. No caso, não basta somente olhar o que o Chico fez, é preciso cooperar e fazer parte.
O mais fantástico desta referência ao famoso quadro de Manet é que ela mantém a polêmica acerca da personagem principal de ambas as obras e faz com que Olympia permaneça sendo alvo de opiniões, mesmo que por razões distintas.
Chico Fernandes é um artista brasileiro que tem diversos trabalhos em vídeos, tendo alguns em que faz sobreposição de imagens. As suas obras costumam ter uma grande interação com o espectador.

A utilização da tecnologia para retratar obras com tamanha importância na história da arte é uma boa maneira de disseminar, entre diversos setores da sociedade, aquilo que costumava depender de um conhecimento aprofundado para ser compreendido.

Por Clarissa Paiva, Letícia Vallecilo, Lívia Maggessi, Marina Vilhena e Priscila Verônica. Turma EC2 - Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

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