Publicado originalmente em
1940, A Invenção de Morel é um livro do autor Adolfo Bioy Casares, um dos
principais nomes da literatura fantástica argentina. O livro pode ser encaixado em estilos
literários diferentes, como ficção científica ou policial, mas nenhum deles o define
com a exatidão que Jorge Luis Borges dá em seu prólogo: a obra é perfeita.
A narrativa, construída em formato de diário, apresenta um fugitivo da justiça refugiado em uma ilha na tentativa de evitar ser preso. Apesar de aparentemente deserta, mais tarde ele descobre outros habitantes no lugar. Um grupo de turistas aparece na ilha de modo misterioso e seus modos são anacrônicos e seu cotidiano é repetitivo. O narrador acompanha a vida deles sem ser notado e logo se apaixona por uma visitante, ou pelo menos por sua projeção. Como a mulher sempre pegava sol no mesmo horário, o narrador ficava motivado a sempre ir observá-la. O homem, que no início evita as pessoas, decide quebrar o isolamento devido à paixão que surge pela mulher. Aos poucos se aproxima dela e descobre que ela se chama Faustine. Ele tenta estabelecer contato, mas ela parece não o escutar ou o ver. Como um apaixonado, o anônimo fugitivo deseja ser visto pela pessoa desejada, mas é ignorado como se fosse invisível. Desse modo, ele procura entender o motivo daquela indiferença. Trata-se de uma paixão idealizada pela imagem que o homem criou de Faustine. Ela é o seu centro de atenção, mesmo o ignore completamente, assim como os outros intrusos que se comportam como se o narrador não existisse. A obsessão continua e o fugitivo passa a sentir ciúmes da mulher, por ela se encontrar com outro visitante.
‘’... Que devo pensar? Sem dúvida é uma mulher detestável. Mas, que será que ela quer? Talvez brinque comigo e com o barbudo; mas também é possível que o barbudo não seja mais do que uma ênfase no seu prescindir de mim, e um sinal de que esse prescindir atingiu o seu ponto máximo e chega ao fim.’’
Quando o
mistério é revelado, descobrimos que Morel, homem que acompanhava Faustine,
havia construído uma máquina que reproduz
realidades passadas. Essa máquina retirava a essência das
coisas e das pessoas. O fugitivo acredita que
Morel recorreu à máquina porque fracassara em sua tentativa de seduzir Faustine
e assim decidiu por captar imagens da mulher durante uma semana que ao serem
reproduzidas, formaram um filme.
Sendo assim, o narrador havia relacionado as imagens que via com a
realidade e desejado desesperadamente fazer parte delas. ‘’A
Invenção de Morel’’ é um livro que fala sobre um amor idealizado e metafísico, que
trata dos efeitos do isolamento e da solidão, e que mais do que tudo narra como
é se sentir invisível em uma paixão exacerbada por uma não-pessoa.
Grupo: Elaine Taffner, Fernanda Turbay, Nathália Beserra, Raquel Mandarino, Thais Brunoro
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