quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

The Film That Is Not There (Palácio Capanema)



          No coração do centro da cidade carioca, sob a arquitetura de ninguém menos que Oscar Niemeyer, estava instalada a arte de Kika Nicolela, “The Film That Is Not There” (Um Filme Que Não É Um). O Palácio de Capanema abrigava, até dia 21 de dezembro do ano passado, a vídeo-instalação da artista que já realizou exposições em quatro continentes e cujos vídeos foram exibidos e premiados em mais de 30 países.

ESCURO. PESSOAS. VOZES. IDIOMAS. OLHARES. ROSTOS. CINEMA.


          No amplo ambiente que abrigava a mostra, o visitante era apresentado à diversos telões (dentre os quais, um possuía três telas dispostas de modo a parecer que os atores comunicavam-se visualmente). Eram múltiplas vozes ao mesmo tempo, vários rostos diferentes a cada corte de cena e diversas feições interpretando o mesmo texto à sua maneira e técnica, com a sua própria língua.



           Kika Nicolela elaborou uma espécie de roteiro de filme. Os diálogos e cenas giravam em torno de Hector, Laura, Amanda (também chamada de Rick) e alguns outros personagens distantes. “Nenhum dos personagens se fundem em alguém que podemos reconhecer como um ser humano e, no entanto, somos afetados, atraídos para o interior da história. Embora esta narrativa e os personagens nunca sejam totalmente formados, estamos preparados para sentir e interpretá-los (...)”, afirma o crítico Christopher Eamon.

          Todo os takes das cenas da obra foram colhidos de uma espécie de teste de elenco para o projeto de um filme. Nicolela elaborou o roteiro da história e fez testes com 125 atores de quatro diferentes países. As falas são constantemente repetidas pelos artistas fazendo com que essa persistente repetição extinga a existência do ato original. Assim, “Não há verdade nas imagens em movimento a não ser nossa própria relação afetiva com essas imagens”, continua Eamon.
          Encarando a obra de um modo mais crítico, ainda é possível notar que “The Film That Is Not There” age como uma alegoria sobre o cinema: “Uma homenagem à psicose implícita no processo de filmagem, realizado por várias pessoas, habitado por várias pessoas e, no entanto, no final todo impecavelmente costurado num unitário ponto de vista, que pode ser facilmente consumido pelos espectadores”, segundo Eamon.
          A vídeo-instalação de Kika Nicolela desperta atenção, sensibilidade, crítica, imersão e vários outros sentimentos que são particulares a cada um. Ver pessoas discutirem assuntos tão humanos e profundos e elaborarem perguntas que englobam o mundo filosófico mexem com a mente e a intelectualidade dos visitantes – ainda que os vídeos sejam encenação. Uma exposição que nos faz acordar para o que realmente sonda as relações humanas.


Grupo:
Fabian Falconi
Gabriela Isaias
Laís Januzzi
Mariana Parga
Thiago Patrick

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