No coração
do centro da cidade carioca, sob a arquitetura de ninguém menos que Oscar
Niemeyer, estava instalada a arte de Kika Nicolela, “The Film That Is Not There” (Um Filme Que Não É Um). O Palácio de
Capanema abrigava, até dia 21 de dezembro do ano passado, a vídeo-instalação da artista que já
realizou exposições em quatro continentes e cujos vídeos foram exibidos e
premiados em mais de 30 países.
ESCURO. PESSOAS. VOZES. IDIOMAS. OLHARES. ROSTOS. CINEMA.
No amplo
ambiente que abrigava a mostra, o visitante era apresentado à diversos telões
(dentre os quais, um possuía três telas dispostas de modo a parecer que os
atores comunicavam-se visualmente). Eram múltiplas vozes ao mesmo tempo, vários
rostos diferentes a cada corte de cena e diversas feições interpretando o mesmo
texto à sua maneira e técnica, com a sua própria língua.
Kika
Nicolela elaborou uma espécie de roteiro de filme. Os diálogos e cenas giravam
em torno de Hector, Laura, Amanda (também chamada de Rick) e alguns outros
personagens distantes. “Nenhum dos personagens se fundem em alguém que podemos
reconhecer como um ser humano e, no entanto, somos afetados, atraídos para o
interior da história. Embora esta narrativa e os personagens nunca sejam
totalmente formados, estamos preparados para sentir e interpretá-los (...)”,
afirma o crítico Christopher Eamon.
Todo os
takes das cenas da obra foram colhidos de uma espécie de teste de elenco para o
projeto de um filme. Nicolela elaborou o roteiro da história e fez testes com
125 atores de quatro diferentes países. As falas são constantemente repetidas
pelos artistas fazendo com que essa persistente repetição extinga a existência
do ato original. Assim, “Não há verdade nas imagens em movimento a não ser nossa
própria relação afetiva com essas imagens”, continua Eamon.
Encarando a
obra de um modo mais crítico, ainda é possível notar que “The Film That Is Not There” age como uma alegoria sobre o cinema:
“Uma homenagem à psicose implícita no processo de filmagem, realizado por
várias pessoas, habitado por várias pessoas e, no entanto, no final todo
impecavelmente costurado num unitário ponto de vista, que pode ser facilmente
consumido pelos espectadores”, segundo Eamon.
A vídeo-instalação
de Kika Nicolela desperta atenção, sensibilidade, crítica, imersão e vários
outros sentimentos que são particulares a cada um. Ver pessoas discutirem
assuntos tão humanos e profundos e elaborarem perguntas que englobam o mundo
filosófico mexem com a mente e a intelectualidade dos visitantes – ainda que os
vídeos sejam encenação. Uma exposição que nos faz acordar para o que realmente
sonda as relações humanas.
Grupo:
Fabian Falconi
Gabriela Isaias
Laís Januzzi
Mariana Parga
Thiago Patrick



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