Às margens de Adriana Varejão
A exposição “Histórias às margens” da artista Adriana Varejão chega ao MAM do Rio de Janeiro, depois de um tempo residente em São Paulo, onde atraiu 60 mil pessoas. Com a curadoria de Adriano Pedrosa, são expostas 40 obras realizadas por ela nos últimos 21 anos de carreira. Algumas delas são inéditas e foram apresentadas ao lado de outras já antigas.
O curador concebeu esse nome para a exposição, pois são apresentadas histórias periféricas à história oficial. São aquelas contadas pelos indígenas e não uma história eurocêntrica. Um ritual indígena, muito rejeitado pelos europeus, é a antropofagia, a qual se faz muito evidente e muito presente nas obras. Não de uma forma direta, mas sim com a utilização de elementos.
Podemos notar isso, já que nas obras há uma constante presença da mutilação e do esquartejamento, da imitação da carne e, junto disso, o alto relevo e a perspectiva são muito utilizados para dar mais proximidade e realidade.
Notamos que o mar é uma grande marca nas obras porque ele está às margens de todos os continentes e não está no centro, uma ideologia que engloba o seu trabalho.
A artista passou três meses na China em 1992 e, segundo ela, há grande influência da arte chinesa no barroco brasileiro. Com isso, esse conhecimento foi trazido para o seu trabalho como, por exemplo, na obra “Mapa de Lobo Homen II 1992-2004”. Nele, ela estabelece uma continuidade territorial entre Brasil e China. Além disso, há um corte vertical dividindo os mundos ocidental e oriental e nessa divisão, que está em alto relevo, há uma representação de pedaços do corpo e de sangue, denunciando atrocidades e violências.
Portanto, o corpo é o elemento central da exposição, seja ele esquartejado, cortado, dilacerado, rasgado, em pedaços ou em fragmentos. Porém o espírito da mesma é o Barroco, cheio de exuberância e drama.
GRUPO – Clarice Ferro, Débora Polistchuck, Natascha Oliveira, Gabriela Oliveira, Bruna Câmara - EC2
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