No Museu de Arte Contemporânea do
Rio de Janeiro está instalado o conjunto artístico de uma das artistas mais admiráveis
da estética nacional: Adriana Varejão. Mar, azulejo, carne, bar, conchas, texturas,
cadeiras e bolhas. O agressivo e o poético, o receio e o atraente, a dor e o
prazer seduzem e proporcionam uma aventura imaginária aos visitantes da mostra.
SOBRE MARES E AZULEJOS
As 40 obras produzidas ao longo dos
últimos 21 anos mesclam elementos de mundos, aparentemente, inconciliáveis: há
um quê de mitologia grega em Milagre dos
Peixes, um tom boêmio em Tea and Tiles
ll, nacionalidade em Reflexo de
sonhos no sonho de outro espelho e Panorama
da Guanabara, uma pitada de ilusão de ótica em Parede, frescor em Margem,
sensação de umidade em Green Sauna,
barroco em Paisagens e vários
outros universos possíveis que o observador puder associar.
Por diversas vezes, os seguranças do
local chamavam a atenção de um ou outro apreciador mais afoito, que tentava ao
máximo absorver cada detalhe, cada delicadeza que a obra de Adriana escondia
sobre as tintas, carnes, azulejos e conchas um tanto quanto mitológicas. Também,
pudera: o trabalho da artista carioca, reconhecidaointernacionalmente, estimula
as interpretações singulares, escondidas no íntimo das pessoas. Provoca uma inquietação
aliada à curiosidade por explorar a tendência tão humana de rotular uma obra
(quando, na verdade, a arte dela é um misto de várias correntes estéticas,
filosóficas, literárias e políticas).

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