quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Adriana Varejão : História às Margens


Depois do grande sucesso de visitantes e crítica que obteve com "História às Margens" em São Paulo, a artista plástica Adriana Varejão desembarca com a exposição em sua terra natal, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Com curadoria de  Adriano Pedrosa , a exposição ocupa uma grande parte do segundo andar do edifício, tem lugar de destaque e promete ser uma das maiores, senão a  maior promessa para a temporada.

Ruína de Charque

A artista, nome de destaque nacional e internacionalmente, Adriana constrói e desconstrói as histórias dos marginalizados na formação do Brasil. A margem é a massa corrida que cola a edificação de Adriana. Em uma ênfase clara ao descobrimento do país, a artista se utiliza da azuleijaria portuguesa e do canibalismo para contar a história de povos aparentemete díspares. O que se revela são as entranhas dos azulejos, como na série "Ruína de Charque", que promovem uma revleção do observador sobre a verdadeira essência desse canibal. Há uma relação forte com o corpo e a posse, com o externo e  o interno. Numa viagem lisérgica onde Velho mundo e Novo mundo se entrecortam visceralmente e se expõem, crus.
Testemunhas Oculares
A sacralização e a desacralização de mitos da colonização brasileira são pontos importantes que se mostram através dos azulejos portugueses. "Proposta para uma catequese" é uma das obras que tira das paisagens da azulejaria o lugar comum.

"Testemunhas Oculares", embora não tenha sido elaborada da mesma forma, é uma obra que se conecta a esta proposta e promove grande reflexão. Envoca a mestiçagem brasileira e de certa forma rituais místicos, ao extrair de uma mulher branca, uma cabloca e uma indígina, o olho direito (reproduzido em porcelana) e dissecá-lo em igualdade. Em "Mestiça" , um auto retrato, a artista trata também da mistura de raças e se põe no lugar de obra, trata a si mesmo como uma resposta histórica que interage com  ideia e com o fazer artístico.
Mestiça



Reflexões de Sonho no sonho de outro espelho
A obra panorâmica "Reflexões de Sonho no sonho de outro espelho ( Estudo sobre tiradentes de Pedro Américo)" de 1998 é mais uma que mostra a singularidade de Adriana. Mesmo não tendo grande destaque na exposição, a ideia externa uma técnica aprimorada. A interação com a obra ocorre em cubo de gesso montado especialmente para tal, em que fracções do Tiradentes de Pedro Américo são "refletidas" nas paredes. O mais interessante, porém , fica por conta da reação do observador, que ao entrar no cubo se vê refletido no mártir.

Em suma, "História às Margens" é uma exposição que se multiplica no visitante e marca.  Da arte religiosa á arte acadêmica do século XIX, da geometrização e da abstração dos espaços, a sobreposição de histórias marginais, do profano e do sagrado, da natureza bela e amedrontadora, Adriana Varejão assume visualmente porque é, com muitos méritos, uma das mais intensas e engajadas artistas de sua época. 

Para mais informações acesse:
mamrio.org.br
www.adrianavarejao.net



 Grupo:
André Klodja, Eduardo Tavares, Marcela Orlandis, Mariana Ramalho, Taisa Martins 


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